MOOCs vs SPOCs: a non-debate?

Aprendiz, é com humildade mas, igualmente, com grande vontade de compreender, que me lanço neste artigo-aventura, que surge na sequência daquilo que parece ser um início de conversa na rede. Ou será que não é?

Gostaria de partilhar algumas percepções que tenho sobre o “debate” MOOC – Massive Open Online Courses  vs SPOC- Small Private Open Courses. Parece-me um debate, que pode, por sinal, ser interessante… por mais que não seja, poderá servir para aprender, para se reflectir e trocarem-se impressões sobre MOOCs: a sua história, virtudes, desafios e limitações, sobre EAD…Mas, pode nem sê-lo, porquanto pode não haver oposição/versus entre estes, porquanto SPOCs podem não ser, sequer, novidade…

Percepções, reflexões e muitas interrogações são só, apesar de auto-enganos e disfarçadas de opinião/opiniões, o que tenho para oferecer.

Vou começar por aquilo que, talvez, seja o mais simples…pela análise do contido nas siglas.

MASSIVE vs SMALL. Ora, entre estes dois termos ou aceções, numa primeira abordagem (como a é a presente) mon coeur ne balance pas.

Sobre  “Massas”…Por entre as várias definições que se podem encontrar sobre o conceito, o entendimento de George Gurvitch, em Tratado de Sociologia, das formas de sociabilidade – múltiplas maneiras de estar ligado ao todo e no todo-, parece-me ser aquele em que a minha percepção melhor se enquadra. Segundo ele, entre as formas de nos relacionarmos uns com os outros, a Massa faz parte de uma forma de sociabilidade caracterizada por fusão parcial, em que a intensidade de participação é fraca, o seu volume é sem limites e a atracção sobre os participantes é, igualmente, fraca. Não será isto que acontece com os cMOOC? Não será por isso que os cursos começam com, por exemplo, 1000, 3000, 5000,…participantes e terminam com bem menos (faltando estudos/análises a corroborar, mantenho o “bem menos”)? Que a taxa de abandono é apontada[1] como uma fragilidade?

Não poderá, igualmente, ser este -o carácter tendencialmente massivo- um dos “hic’s” dos sistemas e políticas educacionais, quer presencial e  à distância? Todos ao monte, num “salve-se quem puder” e quem “perder a barca”[2] , “temos pena”? Todos ensardinhados e indiferenciados num anfiteatro ou “salas” virtuais?… Entre um e outro (até me sentir diferentemente), continuo, na óptica de estudante, a sentir-me mais confortável, livre, valorizada, reconhecida, …,para aprender, “crescer” e partilhar e, na óptica de professora/formadora (que ainda mantenho), a encontrar sentido, significado e utilidade na partilha, orientação, moderação…em small courses.[3]

PRIVATE – Aqui, facilmente recorreria (cairia na tentação?) a alguns emoticons do facebook… O que quererá isto dizer? Privado ao invés de Público? Fechado, selectivo, restritivo e limitativo ao contrário de Aberto (apesar de colado a SPOC vir, na sigla, logo a seguir, Open)? Parece-me uma contradição, mais um lapso ou erro do que outra coisa…ou então… será para significar um ambiente de ensino-aprendizagem mais intimista, customizado/personalizado? Ou ainda…uma simples estratégia de marketing, porquanto ”consciente” de uma procura online (ilusória?) de “privado”? Neither way (s) e/ou nevertheless, indago: não terão, também, os MOOCs os seus limites? Não será isso que pode transparecer nesta afirmação:“No semestre passado coordenei o MOOC LP (Língua Portuguesa), que só teve 5.100 participantes porque decidimos encerrar as inscrições logo no início.”[4]. Não serão os MOOCs também restritivos? A quem sabe e se mexe bem no meio? Desenvolvidos e “proporcionados por líderes carismáticos e populares na rede” [5]?…e, qual será a diferença entre SPOCs e o rol de cursos privados, online, muitos deles gratuitos ?…(a continuar a reflectir em voz alta)

OPEN – Se ambos se auto-designam de Open no sentido do Movimento Aberto, de REAs, de gratuito e livre, porque não pensar na Coexistência e Complementaridade destes? Se por Open querem significar diferentes caminhos…bem, os MOOCs já estão a traçar o seu, não é? Quanto aos SPOCs…que tal o benefício da dúvida? Mesmo que não sejam, no seu todo, novidade. Se, no entanto, por Open os SPOCs querem apenas dizer Online, então…o assunto merece ainda maior atenção e esclarecimento.

Para além destas, várias outras questões rondam…serão os SPOC uma “manobra” de dispersão/diversão própria a determinados grupos-pessoas-instituições e/ou interesses diversos “que decidem decretar a morte dos MOOCs” [6] e de pura e dura estratégia mercantil-marketeer? Será que podemos refutar, categoricamente, que os SPOCs não são um fruto da evolução dos MOOCs?…Será que não estaremos antes perante algo, mais profundo, como uma espécie de batalha de afirmação entre/das (num processo de tentativa-erro/avanço-recuo-re-avanço)“Pedagogias” da EaD?

 

Bom. Ouf! Eis mais um olhar e sentir sobre o assunto, de alguém que por “aqui”, neste turbilhão de águas, tenta nadar e descortinar o(s) caminho(s). Como comecei, termino. Com humildade e com…só mais uma perceção-interrogação: ser-se, nesta socied@de, autor, “pai ou mãe” ou criador(a) de tal ou tal ideia, projecto,…, não significará ter que escolher? Entre, por um lado, lançar as bases e deixar fluir (assumindo, desde logo, a existência de interpretações, reinterpretações, re-re-interpretações,…de apropriações, co-apropriações, re-apropriações, etc., contidas no espírito do movimento aberto, REA e/ou Creative Commons), sob o risco de se irem perdendo o(s) propósitos, as finalidades, originárias, e, por outro, criar e defender a autoria, o espírito da criação com unhas e dentes?…

Não consigo vislumbrar uma morte anunciada dos MOOCs nem a sua substituição por SPOCs. Li, com interesse, o Professor Robert Lue[7] sobre as intenções: “Harvard isn’t abandoning Moocs, but rather like Russian dolls sitting inside each other, a single course might now be delivered to a large open Mooc audience, to a much smaller number of Spoc students and then down to an even smaller number enrolled at the bricks-and-mortar campus “. E não desgostei/o da imagem das matrioshkas.

Modas, “sempre” as houve e haverá. Mas, tão depressa aparecem como desaparecem, se se resumirem a fogo de vista, a um simples lindo embrulho, sem essência nem consistência. Atentamente, “ouço” (quem sabe, tenha opiniões abalizadas) e aguardo. Cautelosamente,  tacteio e procuro. Sem fechar, logo, a porta a possibilidades. Com, porém, uma convicção: A Educação é o âmago das discussões=conversas :).

MOOCs vs SPOCs ou MOOCs and SPOCs? A haver debate construtivo, não poderá este ser um mote? Ou será que este é, ao fim ao cabo,um non-debate?

Primeiras impressões de “Os Superficiais”

Carr, N. (2011). Os Superficiais: o que a internet está a fazer aos nossos cérebros. Tradução de Da Costa, L. A. Lisboa. Gradiva publicações, Lda.

Ao longo de 321 páginas, cinco capítulos e dez secções, o autor finalista do prémio Pulitzer leva-nos, no silêncio da leitura profunda do seu livro impresso, a fazer uma viagem, repleta de “hiperligações”, de referências científicas, sociais e históricas, metáforas, citações, discursos, descobertas e estudos, para dentro dos meandros da plasticidade sináptica dos nossos cérebros e seguindo a evolução das tecnologias. Fá-lo, utilizando, alternadamente, um tom “narrativo-pessoal” e “descritivo-impessoal” e infiltrando no seu discurso ideias, pensamentos e histórias referentes, sobretudo, às áreas da neurologia, psicologia, antropologia, sociologia e filosofia.

Com uma linha argumentativa pretensamente imparcial, que ensaia, entre outras, através da contraposição de pontos de vistas entre “fãs” e “céticos ou acérrimos opositores” da Rede das redes, Nicholas Carr, ao discorrer sobre os efeitos das tecnologias designadas “intelectuais” – a escrita, o mapa, o relógio mecânico, o livro impresso,…, a internet,…- no funcionamento do cérebro humano, acaba, no entanto, sem mistério, por nos orientar para o sentido do título da sua obra “Os Superficiais”, para as inquietantes irreversíveis mudanças da nossa mente por influência da internet.
Em grande parte, de interessante, enriquecedora e, por vezes, “empática” e prazenteira leitura, o livro pode deixar-nos um “quê” de saturação e de alguma desilusão. Enquanto primeira impressão, foi o que a mim deixou. O excesso de exemplos e a insistência com que o autor me pareceu sublinhar que as tecnologias de “écran” não são nem “demónios” nem “milagres”, levaram-me a esmorecer por volta da página 197, e da “Igreja Google” (embora tenha recuperado o interesse na 221 e saltado de uma leitura na diagonal para um leitura mais atenta e profunda), assim como a questionar sobre quais seriam as razões da, na minha opinião, não substancial mas sim formal defesa e preocupação de neutralidade do autor.

Para além disso, fica a sensação que o que o seu conteúdo apresenta são constatações de evidências e uma verdade palaciana, contra à qual somos impotentes: a internet está a mudar a nossa maneira de raciocinar, de apreender e interpretar a realidade, de estar, de sentir e de fazer.

Embora deixe, no seu epílogo, uma “mensagem” de otimismo: “Mas eu continuo a manter a esperança que nós não nos deixaremos arrastar facilmente para o futuro cujo guião os nossos engenheiros informáticos e programadores de software estão a escrever para nós”, esta revelou-se-me frágil, perante o fluxo, mantido anteriormente, de observações, de argumentações, contra-argumentações e de alertas (como as que abaixo transcrevi).

“A mente linear, calma, focada, atenta, está a ser afastada por um novo tipo de mente que quer e precisa de receber e distribuir informação em pequenos soluços descoordenados e muitas vezes sobrepostos-quanto mais rápido, melhor.” (p.23)

“Quando estamos online, entramos num ambiente que promove a leitura negligente, o pensamento apressado e distraído e a aprendizagem superficial” (p.146)

“Aquilo por que estamos a passar é, num sentido metafórico, o inverso da trajetória inicial da civilização: estamos a evoluir de cultivadores do conhecimento pessoal a caçadores e colectores numa floresta de dados electrónicos.” (p.174)

Em jeito de conclusão, acrescento que o livro “Os Superficiais” de Nicholas Carr, que por acaso tem estado na minha estante há já alguns meses (o título foi sem dúvida o que estimulou a sua aquisição) e que só agora me decidi, por imperativos académicos, a agarrá-lo e lê-lo, não me deixou de todo indiferente…. Certamente que terei de fazer (re)leituras e que com estas aparecer-me-ão novos focos de atenção e de reflexão. Talvez até tenha que voltar aqui e rever esta minha primeira “relação” com o livro, quiçá 😉 :)! Para já…

E vocês, já o leram? Quais foram as vossas primeiras impressões?

Educar, um exercício de equilíbrio

Datado de 2008, este pequeno texto imaginado e teclado por mim caiu-me agora sob os olhos…e pensei… por que não partilhá-lo no meu blog?

Educar, perante o “choque” tecnológico com o qual a sociedade de hoje se confronta, implica, e tal numa assumida perspectiva pessoal, encontrar o justo termo, o equilíbrio, entre a máquina e o seu criador – o ser humano -, para que o virtual não se sobreponha ao real, para que o conteúdo não se confunda com a forma. Como afirma Regina Belluzzo (2011), a propósito das implicações da sociedade de conhecimento na educação: “ Enquanto seres pertencentes a um sistema biológico, certamente temos duas funções básicas: a necessidade de sobrevivência, que nos leva à adaptação (…) Em decorrência, devemos sempre buscar o equilíbrio, a assimilação e a adequação para gerenciar os conflitos relativos a tais funções. (…). “
É, portanto, num contexto de revolução tecnológica (com similitudes com a revolução industrial muito embora, e talvez, bem mais complexa) e de globalização, que as escolas, o ensino, e os professores, enquanto protagonistas da educação (não únicos, como óbvio), se debatem para acompanhar, fazer face, a todas as mudanças sociais, culturais, políticas e económicas (entre outras, não menos importantes), que dela(s) incorrem e que, de forma algo conflitual e tensa, tentam adaptar-se e (re)criar-se.
Tendo isto em conta, assim como de uma reflexão em redor da necessidade em não se acrescentar às desigualdades, já existentes (e ainda não “resolvidas”), outras que relevam da incompreensão e incapacidade (por resistência ou outros motivos) das pessoas em se adaptar, poder-se-á dizer: que educar, pressupõe, pois e antes de mais, colocar-se (colocarmo-nos), em situação, contínua e constante, de “Aprendentes”. Aprender a gerir, seleccionar, interpretar, analisar, com espírito crítico mas, também, com maleabilidade, a “imensidão”, o “turbilhão” e o “bombardear” de informações que nos são, para além do acessível, impostas. Aprender, com base nas informações adquiridas, a reconstruir o conhecimento da realidade, do “eu” e da sua relação com o “outro”. Aprender a ensinar (com ética, criatividade, adequação e dinamismo) a aprender a aprender a ser-se autónomo, crítico, criativo, cooperante e solidário, ou melhor, e como defendido por Jacques Delors (2001): aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver.
Educar, em suma, numa sociedade de informação e conhecimento, implica uma atitude, permanente, de equilíbrio, de moderação e de mediação: entre o passado, o presente e futuro; entre os “antigos”e os “novos” conhecimentos e entre os “clássicos” ou “tradicionais” e os “emergentes” paradigmas.

Referências/Fontes

Castells, M. (2005). “Sociedade em Rede: do Conhecimento à Política. Compreender a Transformação Social”. (Pub.) Conferência Centro Cultural de Belém. Imprensa Nacional – Casa da Moeda.

Beluzzo, R. (2009). “O Acesso à Tecnologia na Sociedade de Conhecimento”. Retrieved from: http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/o-acesso-a-tecnologia-na-sociedade-do-conhecimento-966606.html

Meirinhos, M. (2000). “A Escola perante os desafios da Sociedade de Informação”. Encontro As Novas Tecnologias e a Educação. Instituto Politécnico de Bragança.

Delors, J. (1996). “Educação: um tesouro a descobrir”. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI.

Futuro da aprendizagem: Aprender “bricolando” e “rizomaticamente”?

Começo por dizer que levar um grupo de pessoas ligadas ao ensino/formação, professores ou não, a debater sobre o futuro da aprendizagem (@ ou sem @ à frente), nos dias de hoje, é um ato de coragem pois equivale a querer-se atravessar um campo de minas. Enquanto membro participante deste debate “Qual o futuro da @prendizagem, proporcionado em Educação e Sociedade- MPEL6, sinto-me a pisar ovos. A ter que pesar, mais do que muito bem, a cada instante, as minhas palavras.

Mas bom. Vou expressar e partilhar, na mesma, algumas das minhas reflexões sobre o assunto. Agora aqui (portanto, para além das minhas participações no fórum), neste meu Ambiente Pessoal de Aprendizagem, que tem estado muito tempo em silêncio.

Poder-se-à dizer que sou algo cética quanto ao futuro da aprendizagem, nesta Sociedade em Rede. Tenho tantas dúvidas…

Muitos, entre os quais incluiria (com ligeireza, perdoem-me o pecado) o muito respeitável E. Morin, defendem que a aprendizagem linear e hierarquizada, de saberes fragmentados, compartimentados, como aquela que tem vindo a ser seguida, numa sociedade do século XXI, e por influência das tecnologias de informação e comunicação, deixa de ter razão de ser. Que (extrapolando parte do pensamento de E. Morin, de M. Castells, entre outros), neste mundo dinâmico, repleto de incertezas, a aprendizagem deve ser entendida como algo de mais complexo, dinâmico, flexível e aberto.

Muito bem. Mas não estaremos nós a passar de uma aprendizagem linear, de saberes fragmentados, para uma aprendizagem, ela própria fragmentada e caótica (uma aprendizagem que chamaria zapping)? Onde nada se consegue aprofundar, refletir ou analisar criticamente, tal é o excesso de informação e a rapidez que se exige à construção do conhecimento? Onde cada qual é bricoleur (um faz de tudo, que sabe de tudo e que improvisa), num contexto de aprendizagem “rizómica”, repleta de conexões e interconexões, em constante construção, portanto, inacabada e sem prever conclusões ou fins?

Não é de admirar que a maioria dos alunos (do secundário, por exemplo…embora com eles, em muitas coisas, me reveja), sejam tão ágeis em fazer copy-past e depois esquecerem-se de mencionar o/a(s) autor/a(es/as), a colocarem links após links para demonstrarem que leram alguma coisa, a lerem textos não na íntegra mas sim na diagonal ou através de palavras-chave, a argumentarem com frases-ideias feitas, e tão pouco inclinados a cogitarem sobre algo. Nesta era digital, diria que é impossível de outro modo e que perder, no turbilhão de solicitações das redes sociais, de demandas para prestar provas de que se sabe aprender, o espírito crítico, é fácil e tentador.

Pois, é verdade que se defende que já não importa tanto aquilo que se sabe, mas sim demonstrar-se saber aprender. O quê? Que já não há objetivos mas sim competências de aprendizagem. Quais? Agilidade no teclar ou touch e no navegar na web? Criatividade no design do nosso PLE, presença/”extroversão” na rede e rapidez na/da comunicação…?

(aqui poder-se-ia contrapor, eventualmente e entre outros, com os sete saberes para a educação do futuro, de E. Morin)

Pois, é verdade que se defende que a Sociedade em Rede visa a democratização do conhecimento. Como? Com a dispersão da/na construção e compartilhamento do mesmo? Não proporcionará esta, juntamente com a conjuntura económica atual, uma ótima lavagem de cérebro, de alienação? Não será esta, devido ao cansaço e vontade/procura de estabilidade/segurança (estou a lembrar-me da pirâmide de Maslow), a melhor maneira de um grupo ou de alguém, ao estilo dos gangnam style, conseguir ditar, traçar o “conteúdo” das aprendizagens, desejos, pensamentos, opiniões e ações?

Não criarão as competências exigidas para esta Era, novos poderes, logo, outras/novas desigualdades? Entre jovens e velhos, ricos e pobres? Entre quem tem acesso a novos equipamentos tecnológicos e quem não os tem? Entre quem consegue acompanhar o ritmo da mudança e quem não consegue? Entre quem sabe melhor publicitar (“netcitar”) a sua “persona” e as suas opiniões e aquelas que não sabem?…

Neste momento, no que concerne as interações sociais, as desigualdades, as diferenças ou “caminhos” éticos, e por muito que pense nisso, continuo a não conseguir vislumbrar grandes diferenças entre a sociedade “real” e a digital. Esta última consistindo na reprodução, quase traço por traço, da primeira…

Como, também, não consigo discernir dissemelhanças no que diz respeito à massificação do ensino/aprendizagem. Critica-se a (des)pessoalização ou despersonalização da aprendizagem formal e/ou presencial, mencionando-se o aprendiz anónimo, presente, fisicamente, numa sala de aula sobrelotada de alunos (ex. o vídeo A Vision of Students Today ,de Michael Wesch…que tanto adorei, é preciso não esquecer). Concordo plenamente com a crítica feita. Mas…e os MOOC’s? Abertos a centenas, milhares de pessoas, oriundas dos quatro cantos do mundo e na sua computação em nuvens, não reproduzirão essa mesma (des)pessoalização? Quem é introvertido, inseguro ou apenas discreto, não se fundirá, na mesma, na massa, no todo?

Quantas questões! Quantas dúvidas! Quantas dispersões!

À parte alguns excertos de textos, não tenho conseguido encontrar quem, com crédito (quem é que tem crédito, hoje em dia? Não serão as opiniões de toda a gente, válidas e merecedoras de “crédito”? O “crédito”, enquanto conceito, não será ele cada vez mais subjetivo, logo menos merecedor de crédito? Quem sou eu para atribuir crédito a esta ou aquela pessoa?…), partilhe online deste ceticismo em particular, sobre o presente e futuro da aprendizagem (se calhar introduzi as palavras-chave inadequadas no meu motor de busca, será? Ou será que me perdi no meio de tantos blogs, pdf’s, slideshare’s, cloudswork’s,…?). Continuo a socorrer-me dos livros em papel.

Quase a terminar, sinto que tenho de recuperar o meu ponto de partida, a minha linha inicial de pensamento, ou seja, o título que dei a este entrecruzilhar de ideias. Ei-lo: Futuro da aprendizagem: Aprender “bricolando” e “rizomaticamente”?. Penso que “bricolei” imenso, aflorando (sem devida fundamentação) questões que não são nada do meu foro (nem domínio) mas sim da filosofia, da psicologia, da antropologia…e que investi no pior (na minha opinião) que o “rizoma” possa ter, nada aprofundado nem conclusivo.

Embora esta conjugação e sequência de palavras, com algum sentido espero… (estou já, num raciocínio zapping, a interrogar-me sobre o futuro da web semântica), sejam autênticas e transpareçam o que, verdadeiramente, me ocorre dizer, neste instante, sobre o futuro da aprendizagem…estas não são originais. São fruto de numerosas pesquisas e leituras, cujas fontes estão, na sua maioria, perdidas ou esquecidas, e do qual sobrou…isto.

Agora sim, a finalizar e relendo estas linhas, apercebo-me cada vez mais que continuo na franja dos(as) info-excluídas, dos(as)as analfabetos(as) do século XXI, embora…me esteja a ocorrer, ao mesmo tempo, que estas possam servir, aplicando as ferramentas tecnológicas de AVA adequadas, como base de e ou m learning. E, como diria a minha colega Cris, “e agora?”.

Algumas das fontes bibliográficas/net gráficas consultadas:

Castells, M. (2011). A Sociedade em Rede. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. 4ª Edição. Vol. I. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Cruz, J. M. de O. Processo de Ensino- Aprendizagem na Sociedade de Informação. Revista Educação e Sociedade, Campinas, vol. 29, nº 105, p. 1023-1042, set./dez 2008, disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v29n105/v29n105a05.pdf
Morin, E. (2002). Os Sete Saberes para a Educação do Futuro. Lisboa: Instituto J. Piaget.
Morin, E. (2008). Introdução ao Pensamento Complexo. Lisboa: Instituto J. Piaget.

A Estética do Tango… na Arquitetura

Caminhando pelos caminhos do MPEL, avançando na  procura de pontes, de sentido e de significado do ontem, hoje e do amanhã…encontro, não tanto uma realidade híbrida (repleta de indefinições, imprecisões, confusões, angústias e reticências…) como aquela que tenho vindo a ressentir, nestes últimos anos, mas sim, uma realidade  que se encaminha para a complementaridade e a convergência…

Sem saber dançar Tango, esta dança continua a parecer-me o(s) movimento(s) mais representativo(s) do que está a acontecer, não apenas entre a Pedagogia e a Tecnologia, mas também, entre o Real e o Virtual…uma dança cheia de nuances, de complexidade e subtileza, embora carregada de vontades de poder e de domínio.

Parece-me que nos centramo-nos, demasiado, nos resultados (numa ótica de ganhar-perder) …da dança…quem vence? quem perde?…Quando, afinal, a beleza  está em todos os gestos, de “um/eu” e do “outro”, na criação e no todo…na “dança da nossa Humanidade”!

Tudo isto…porque encontrei, nos meandros da minha aprendizagem, mais um exemplo de “ponte” e de Tango!…

As pessoas contam! Indivíduos em rede numa sociedade global.

Como muitos de entre nós (sou apenas mais uma), sinto-me preocupada com o nosso presente e com o nosso futuro…Nada de estranho, não é? Mas, para além de questões materiais (se é que assim podemos chamar-lhes…não vou discutir, pelo menos por agora, a pirâmide de Maslow), de “tenho ou não dinheiro para…”, preocupa-me a nossa Humanidade! As questões de ética, de valores… Não é por nada, mas… fui educada sob o hino da “Liberté, Egalité, Fraternité” e isso é um legado (não diria que me pesa mas …) que me puxa a manguita da responsabilidade 🙂 !

Divagações à parte. Em 2010, deparei-me com o título de um livro (escrito por James N. Rosenau) que me chamou logo a atenção: As pessoas contam! Indivíduos em rede numa sociedade global. Caí logo na tentação e comprei-o (sou uma sortuda, eu sei!) e não fiquei nada desiludida.

Aqui vão alguns excertos que me interpelaram…e só para atiçar o “gostinho”…

“ Conforme as mudanças económicas, sociais e políticas aceleram a velocidades cada vez maiores, conforme o tempo e o espaço continuam a encolher com a inovação impiedosa das novas tecnologias para movimentar pessoas e ideias por todo o mundo, as pessoas – enquanto pessoas- tornaram-se cada vez mais importantes.” (Rosenau, 2010, p. 12)

“Leccionar é mais do que uma forma de ganhar a vida. É, ao invés, um meio pelo qual sirvo um compromisso de partilhar ideias, elaborar pensamentos, e trocar perspectivas. (…) a maioria escolhe ficar na sala de aula. É uma espécie de lar, um local onde as ideias fluem, os pensamentos são concorridos, a informação é fornecida, e as mentes são expandidas enquanto parte dos processos de crescimento (…) apercebo-me cada vez mais que os limites da sala de aula entrelaçaram-se nos limites do mundo.” (Rosenau, 2010, pp. 13,15)

A propósito das forças envolvidas na globalização…

“Eu prefiro o meu próprio termo, a fragmentegração (…) que capta, numa única palavra, a fragmentação e a integração que marca a dinâmica mutável da política mundial.” (Rosenau, 2010, p. 19)

“ A fragmentegração continua a alterar as concepções que as pessoas têm de si mesmas (…) impõe aos indivíduos a necessidade de se tornarem sensíveis tanto ao potencial integrativo como ao potencial desintegrador de qualquer assunto.”. E referindo-se aos cidadãos “Eles poderão não entender totalmente a interacção entre as forças promotoras da integração e da fragmentação, mas não conseguem evitar a sensação de que as suas rotinas há muito fixadas estão a ser populadas e expandidas por forças novas vindas tanto de dentro como de fora dos seus mundos previamente estabelecidos e que, consequentemente, as novas rotinas estão a alterar as expectativas com as quais eles têm de interagir “. (Rosenau, 2010, p. 20)

Será que é possível e desejável, dada a velocidade com que as mudanças nos estão “a bater de caras” e os imperativos de (re)ação e de comunicação, refletirmos sobre o que está em curso? Eu continuo a pensar que sim 🙂 ! E este parece-me um bom livro para tal.

Para quem quiser e puder ler, aqui vai:

Rosenau, J.M. (2010). As pessoas contam! Indivíduos em rede numa sociedade global. Mangualde, Portugal: Edições Pedagogo, Lda.